Obras de saneamento ao lado da Ponte Grande, sobre o Rio Tietê. S.d. Foto: Acervo Memória Sabesp

Segunda-feira, 25 de agosto de 2014 às 16h37


Fundação Energia e Saneamento de São Paulo – A estiagem no Estado traz, para o debate atual, a importância dos estudos e planejamento no setor de saneamento, mas também revela como a Região Metropolitana de São Paulo sempre teve uma relação desafiadora com as suas águas.

Questões como a despoluição do Tietê, o abastecimento de água e a ampliação da coleta e tratamento de esgoto, além do controle de inundações, já eram foco de grande discussão na época de implantação da estrutura sanitária da Capital, entre o final do século 19 e início do 20, e seguem atuais. Explorando as contribuições de engenheiros sanitaristas do passado como Theodoro Sampaio, Saturnino de Brito e João Pedro de Jesus Netto – e que continuam válidas até hoje, a Revista DAE destaca, em sua recém-lançada edição especial, “O saneamento na cidade de São Paulo: fatos e personagens”.

Produzido com a colaboração da Fundação Energia e Saneamento, o número especial da Revista DAE reúne, além dos perfis e principais obras destes importantes personagens, uma linha do tempo ilustrada com os momentos-chave da história do setor na cidade. O artigo “Águas e Saneamento da Metrópole: a atualidade dos desafios passados”, assinado pelo arquiteto, urbanista e professor Ricardo Toledo Silva, abre a publicação e revela como, de forma não calculada, os trabalhos dos engenheiros do início do século 20 buscavam harmonizar os diferentes usos dos recursos hídricos e compartilhar os benefícios das obras hidráulicas – como a geração de energia e o abastecimento. De distribuição gratuita, a Revista DAE pode ser consultada no www.revistadae.com.br.

Theodoro Sampaio (1855-1937)

Em São Paulo, trabalhou no levantamento cartográfico e geológico da antiga Província, incluindo os até então desconhecidos “sertões” do Estado; estudou os rios e problemas da Capital que culminaram numa proposta de saneamento, colocada em prática a partir de 1890; concebeu e construiu hospitais e contribuiu na institucionalização da saúde e do planejamento urbano dentro do poder público.

Saturnino de Brito (1864-1929)

Patrono da engenharia sanitária brasileira, planejou um eficiente sistema de esgotamento sanitário em São Vicente e Santos e projetou os famosos canais da última, que livraram a cidade litorânea da insalubridade. Atuou com destaque em todos os campos do saneamento e em diversas capitais brasileiras e, em 1919, instalou a primeira estrutura de tratamento químico de água no Brasil, na cidade de Recife, Pernambuco.

João Pedro de Jesus Netto (1883-1955)

Foi o precursor no desenvolvimento de modernas tecnologias de tratamento de esgoto e de controle de recursos hídricos no Brasil, a partir de seus projetos e experimentos empreendidos em São Paulo. Realizou um extenso e minucioso programa de monitoramento das águas do Tietê, efetuando a análise de concentração de oxigênio no rio a partir de bioensaios com peixes nativos, técnica pioneira no Brasil.

Estação Experimental da Ponte Pequena, localizada às margens do Rio Tamanduateí, onde Jesus Netto realizava seus estudos. Foto / Fonte: Jesus Netto, 1933

Planta do saneamento da cidade de Santos, produzida por Saturnino de Brito. Foto: Acervo Memória Sabesp