Há mais de 4.000 anos surgia a civilização Armênia que segundo historiadores gregos, romanos e armênios tivera origem a partir de Haig, filho de Thorgon, neto de Gomer que era neto de Noé. Ele fixara seu povoado próximo ao Monte Ararat – onde Noé teria atracado sua Arca – criando a Armênia que antes se chamara Haiastan.


Segundo o livro de Nubar Kerimian “Massacres de Armênios” (publicação da Comunidade da Igreja Apostólica Armênia do Brasil), as teorias modernas admitem que os armênios habitaram os balcãs, constituindo parte das tribos trácio-frígias e a partir do Século VIII a.C. instalaram-se na Ásia Menor após destruírem o império dos Hititas, levando-se isso em conta pode-se dizer que a Armênia é um dos mais antigos países do mundo e está situada entre o Mar Negro, Mar Cáspio e o Mar Mediterrâneo.

O povo armênio pertence à raça Ariana, ao grupo Indo-Europeu e na sua longa história lutaram ao lado dos exércitos persas do Rei Dario III contra Alexandre, “O Grande” e derrotaram os romanos em Rhandéia em 62 d.C. A Armênia foi evangelizada pelos apóstolos Tadeu e Bartolomeu por volta do ano 50 d.C., mas somente em 301 o Rei Drtad III decreta o Cristianismo como religião oficial do país e quando o Papa Urbano II (Clermont–França — 1905) lança as Cruzadas, os armênios lutaram ao lado destes para libertar o Santo Sepulcro de Cristo das mãos dos turcos. Em meio ao islamismo, sendo um país cristão, a Armênia sofreu diversas invasões pelo Império Otomano, culminando com o extermínio de 1.500 milhão de armênios que teve início em 24 de abril de 1915 durante a 1ª Guerra Mundial, pelo exército turco otomano. Esse número ainda é engrossado por mais 700 mil deportados.

Sobre a “Questão Armênia” muito se escreveu. Historiadores, chefes de Estado, intelectuais e líderes mundiais reputam como horrorizante a degradação humana causada pela intolerância. As atrocidades contra os armênios só podem ser comparadas às sofridas pelos judeus na 2ª Guerra Mundial. Um dos mais respeitados historiadores ingleses, Arnold Toynbee colheu depoimentos e escreveu o livro “The Rise and Fall of Civilization” – London – 1916 (“Atrocidades armênias: O extermínio de uma nação”) abrilhantado pelo discurso proferido na Câmara dos Lordes pelo Lord Bryce. Numa das seqüências, apontadas por Varujan Burmaian que escreveu o prefácio da edição traduzida para o português, em abril de 2003 – data do 88º ano do genocídio armênio –encontramos o seguinte: “Neste livro encontramos o conceito que horrorizou o mundo: ‘Acabar com a questão Armênia é acabar com os armênios’. Argumento que, mais tarde, prevaleceu na Alemanha, na decisão dos líderes nazistas de aplicar indizível sofrimento ao povo judeu, ao enviá-lo para os campos da morte, dando origem ao segundo holocausto do século XX. Donde se vê que atos criminosos encontram imitadores e que, sejam quais forem os meios utilizados para seus fins, têm invariavelmente as mesmas conseqüências, que chocam e horrorizam os seres humanos civilizados”.

Outra obra, que nos foi presenteada pelo Padre Yeznig da Igreja Apostólica Armênia – cuja interessante entrevista está nesta seqüência – é “Massacres de Armênios” de Nubar Kerimian que vem acompanhada das “Memórias de Naim Bey para Aram Andonian. Num dos trechos do livro, o inominável ditador alemão Adolf Hitler diria num dos seus discursos: “Nossa força deve residir em nossa rapidez e em nossa brutalidade, tenho dado ordens a unidades especiais da S. S. de se mudarem para a frente polonesa de matarem sem piedade homens, mulheres e crianças. Pois quem é que fala hoje do extermínio dos armênios?”

Em 1915 o governo Britânico solicitou ao Lord James Bryce que preparasse uma pesquisa sobre a perseguição e o massacre dos armênios na Turquia, publicado em 1916 sob o título Blue Book. Considerado um documento com testemunhos confiáveis coletados por Arnold Toynbee. O eminente jurista Visconde de James Bryce, em 1916, qualificou o “Comitê de União e Progresso” da Turquia como “Uma quadrilha de rufiões sem escrúpulos” e descreveu num dos trechos do seu discurso: “Nos lugares onde os armênios puderam lutar, quase totalmente desprovidos de armas, ele resistiram porque eram atacados e para poderem defender a si mesmos e às suas famílias do vandalismo que constituíam o que se chamava o governo da Turquia”.

Arnold Toymbee diz: “(…) O projeto implicava nada menos que o extermínio de toda a povoação cristã dentro das fronteiras otomanas. (…)”

Toda a “Questão Armênia” fôra arquitetada tempos antes de sua execução, segundo os depoimentos de diversas testemunhas. Henry Morgenthau autor de “La tragedie de L’Armenie” (pág. 6, 8) Paris – 1918, escreveu num dos trechos do livro: “… Na primavera de 1914, os turcos começaram a por em prática o plano de destruição da raça Armênia. Eles condenavam seus ancestrais por não terem destruído as raças cristãs, ou tê-las forçado a se converterem ao Islamismo…”.

Personalidades mundiais, como os presidentes americanos Wodrov Wilson, o cantor Charles Asnavour (cuja mãe era uma das vítimas e foi salva por ter um passaporte russo), Papa João Paulo II dentre tantos outros, leram as obras aqui citadas e deixaram escritas nas suas páginas e da própria história da humanidade através de depoimentos comoventes suas impressões. Entre as minorias que existiam no Império Otomano, os armênios não deixaram a sua cultura, idioma e religiosidade. Por isso e segundo os planos turcos, “não havia lugar para eles na região que ocupavam”.

Os armênios pagaram caro pela sua opção cristã em meio ao fanatismo religioso e a intolerância entre os povos. Disseminando-se pelo mundo os armênios contribuem para o engrandecimentos das nações estrangeiras, como bem descreveu o presidente americano Jimmy Carter em 1979, numa recepção especial na Casa Branca: “Nenhum imigrante ou unidade nacional apresenta um quadro de sofrimentos maiores do que o dos armênios, seja na antiguidade, seja nos nossos dias. Hoje, porém não quero falar desses sofrimentos, mas deixar estabelecido que… Não conheci nenhum país que proporcionalmente tenha dado tanto para o desenvolvimento das artes, da música, do teatro, comércio, política e educação quanto os armênios”.

 

Mapa de projeção ortográfica da Armênia. Autor: Kentronhayastan, Ssolbergj.

Mapa de projeção ortográfica da Armênia. Autor: Kentronhayastan, Ssolbergj.

A Armênia, denominada oficialmente de República da Armênia é um país sem costa marítima localizado numa região montanhosa na Eurásia, entre o mar Negro e o mar Cáspio, no sul do Cáucaso. A capital é Erevan. Faz fronteira com a Turquia a oeste, Geórgia a norte, Azerbaijão a leste, e com o Irã e com o enclave de Nakhchivan (pertencente ao Azerbaijão) ao sul. Apesar de geograficamente estar inteiramente localizada na Ásia, a Armênia possui extensas relações sociopolíticas e culturais com a Europa.

Tendo como paisagem o Monte Ararat, onde Noé teria ancorado sua nau com exemplares da fauna e flora, os armênios vivem os costumes de uma cultura milenar, que adotou o cristianismo — orgulhando-se por ser o primeiro país cristão, antes mesmo de Roma — numa época em que a veneração de Cristo era proibida. Espalhados pelo mundo, contribuindo em todas as áreas do conhecimento humano, esse povo não esquece do maior massacre da 1ª Guerra Mundial do qual foi vítima.

Khor Virab no inverno, com o Ararat completamente coberto pela neve.

 

Khor Virab tendo como fundo o Monte Ararat. Foto: Mediacrat

 


Publicação:
Segunda-feira | 17 de março, 2014
Atualizado | 19 de abril, 2024