Obter lucros é o objetivo de toda empresa e o livre mercado é extremamente saudável. A regulação de companhias, ao nível das distribuidoras e investidores no setor de energia, também. A desarmonia e a lentidão nessas áreas causam reclamações dos consumidores na região metropolitana de São Paulo.


A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia federal com gestão independente do poder público é a entidade responsável por regular a geração, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica no país. Na cidade de São Paulo, a distribuição está a cargo da Enel, companhia que assumiu o controle da antiga Eletropaulo em 2018. Depois da crise da falta de luz em São Paulo em novembro de 2023, a enxurrada de críticas e protestos dos consumidores nos estados em que opera (São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará) é crescente. A região abrangida pelo Tatuapé, Carrão, Água Rasa e outros bairros vizinhos também se avoluma.

Expectativas Fich

De acordo com a expectativa da agência Fitch – uma das três maiores agências de classificação (ranking) de risco globais – é de que o Ebitda da Enel atinja R$9,3 bilhões em 2023 e R$9,4 bilhões em 2024. “As distribuidoras da Enel Brasil apresentam desempenho operacional abaixo da média de seus pares, para atuarem em um mercado que cresce menos e por estarem mais distantes das metas regulatórias de perdas de energia efetivas”, avaliou a ranqueadora. O Ebitda (Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization) é um dos indicadores utilizados para fazer a medição dos resultados das empresas. Em português, essa métrica significa “Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”.

 

Filas de pessoas no posto de atendimento da Enel no Carrão, zona leste de São Paulo, ainda fechado por volta das 8h03 do dia 12 de janeiro. Neste sábado (20), a partir das 19h, moradores da Vila Gomes Cardim ficaram sem energia elétrica entre as ruas Azevedo Soares, Boa Esperança e imediações. No início da Rua Pantojo, também há pontos onde a energia elétrica continua faltando antes e depois das chuvas. Moradores e comerciantes relatam queima de aparelhos eletrodomésticos e prejuízos.

 

Lucros versus investimentos

Apesar dos lucros bilionários e investimentos em energia limpa, a Enel é alvo de reclamações crescentes por parte dos clientes consumidores, filas em locais de atendimento devido a problemas gerais com a companhia, prejuízos ao comércio e setor de serviços. Ainda em novembro do ano passado, autoridades passaram a cobrar providências para implantação da fiação elétrica subterrânea em São Paulo, devido às chuvas, aos riscos de quedas de árvores e a consequente falta de energia. Na oportunidade, o prefeito Ricardo Nunes, declarou que a população deveria pagar mais impostos para a execução das obras. Diante da indignação popular, ele logo voltou atrás e disse que “não existe, nem nunca existirá” uma taxa extra para o enterramento dos fios. Enquanto isso, as companhias demoram a investir na modernização dos equipamentos (saiba mais) e os apagões continuam.


Publicação:
Domingo | 21 de janeiro, 2024