De acordo com publicação da Agência Fapesp divulgada na última quarta-feira (17), pode haver ‘uma luz no fim do túnel’, através de um equipamento de baixo custo que ajuda a manter o fornecimento de energia em áreas afetadas por chuva e vento. A empresa que o produz, apresentou um protótipo funcional a EDP em 2020. Todavia, o fato é que as quedas de energia continuam constantes e geram prejuízos até hoje, quatro anos depois.


Os engenheiros da empresa de base tecnológica paulista HartBR que haviam desenvolvido um religador monofásico entre 2018 e 2021, elaboraram uma versão mais moderna e de baixo custo de um religador trifásico. A inovação é fruto de uma parceria de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da HartBR com a empresa do setor de energia EDP Brasil – empresa privada global que distribui energia a 3,4 milhões de clientes em São Paulo e Espírito Santo. O projeto contou com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP. A multinacional italiana Enel, distribui energia elétrica às unidades consumidoras nos estados de São Paulo (7,5 milhões), Rio de Janeiro (7,1 milhões) e Ceará (4,38 milhões).

Contra chuvas, ventanias e outras intempéries

Instalados no alto dos postes e na entrada ou saída das linhas nas subestações, os religadores têm a função de identificar curtos-circuitos provocados na rede elétrica por eventos climáticos, como chuvas e ventanias, ou interferência de vegetação, entre outras intempéries.

As concessionárias de energia já utilizam religadores. Segundo o diretor-fundador da Hartbr, Celso Garcia Lellis Júnior, eles são caros, de fabricação complexa e necessitam de muita manutenção. “Também apresentam limitações, uma vez que foram desenvolvidos com base em princípios e tecnologias de décadas atrás e podem ser considerados quase que ultrapassados”, pondera.

Falhas calculadas

Os religadores tradicionais usam baterias seladas à base de chumbo ácido, responsáveis por garantir seu funcionamento quando ocorre a falta de energia, devem ser trocadas a cada dois anos e descartadas adequadamente. A distribuidora de energia Enel, de acordo com Lellis Júnior, tem mais de 10 mil religadores instalados na Região Metropolitana de São Paulo, cada um com duas baterias, “o que leva a uma troca regular de 20 mil baterias, sendo que, por vezes, eles só conseguem descobrir que uma delas apresentou falha quando o religador deixa de funcionar”.

Essas falhas podem causar interrupções de energia na rede, representando impacto direto na piora dos índices de qualidade de fornecimento de eletricidade, culminando em custos elevados de manutenção e operação para as concessionárias. Por outro lado, geram prejuízos e transtornos, incontáveis, aos consumidores.

Equipamentos ultrapassados

Os atuais religadores utilizados pela Enel não estão integrados às modernas redes de comunicação, chamadas de internet das coisas (IoT). “Sua comunicação com a central se dá por meio de rádios convencionais”, explica Lellis Júnior.

Com base nessas constatações, os engenheiros da empresa conseguiram substituir as baterias à base de chumbo ácido por supercapacitores, assim como o aço e as resinas bicomponentes por polímeros de engenharia – mais leves, resistentes, que não se deformam ou corroem quando expostos a altas temperaturas. O novo equipamento conta com módulos de comunicação embarcados, que possibilitam a supervisão e telecomando do religador por meio de redes de IoT.


Fontes: Agência Fapesp e HartBR


Destaque – Imagem: aloart


Publicação:
Domingo | 21 de janeiro, 2024