Domingo | 16 de outubro, 2022 / atualizado em 01 de abril de 2023 para novas informações

Os barulhos advindos de diversas fontes provoca distúrbios desnecessários e parece não afetar os ouvidos dos órgãos responsáveis por esse tipo de controle.


Há mais de uma década, o Tatuapé passou a receber públicos interessados em diversão e entretenimento. O tão decantado ar interiorano de tranquilidade se foi. Afinal, era de esperar que isso acontecesse em uma cidade tão movimentada como São Paulo. As consequências é que são questionáveis.

Vida noturna

A zona leste abrange o maior contingente populacional da cidade e é natural que os cidadãos procurem se divertir. Graças a sua infraestrutura, o Tatuapé recebe um grande número de pessoas dessa área da capital e de outras também. Dotado de vida noturna com inúmeras opções, o bairro se transformou em referência nesse quesito.

Descontrole

Todavia, a falta de fiscalização ou a possível tolerância com o aumento da poluição sonora provocada pela movimentação que gira em torno dos atrativos noturnos, leva parte dos residentes à loucura. Tradicionalmente trabalhadora e um contingente significativo de idosos, a população local sente falta de que as devidas providências para o cumprimento das leis que protegem o descanso se efetivem.

 

A pequena Rua João Chrisóstomo Filho, no Tatuapé: apenas algumas casas pagam pela segurança particular, mas todos compartilham compulsoriamente do barulho diário que atinge 120 decibéis. Foto: aloimage

 

Guarda noturna

No que diz respeito às pequenas ruas do bairro Tatuapé e Jardim Anália Franco, há muito tempo a Polícia Militar (PM) deixou de intensificar suas rondas noturnas. Cientes disso, oportunistas passaram a cobrar dos moradores por segurança particular, assumindo de certa forma a função pública da PM. Esta sim, com função constitucional e ostensiva, determinada para produzir tranquilidade aos moradores e gerar segurança.

Poluição com sirenes

Através de sirenes que atingem 120 decibéis – muito acima dos limites toleráveis à audição humana –, os chamados guardas-noturnos trafegam de moto e independentemente daqueles que os contratam interferem sobremaneira no sono de toda população onde atuam, o que é proibido. No Tatuapé, até o mês de junho, dois deles agiam clandestinamente e foram flagrados por uma equipe do 30º DP, usando motos com documentação adulterada e sem as devidas credenciais para exercerem a função de guarda-noturno, também proibido.

 

Imagem: aloart

 

TC arquivado no Forum do Tatuapé

Apesar de serem esses fatos comprovados, apesar das reclamações de moradores que registram boletins de ocorrência por não conseguirem dormir com o barulho das sirenes, apesar das provas, apesar das imagens do uso indevido do nome do 30º DP – órgão público estadual – em placas ostentadas nas fachadas das casas, nada de concreto foi efetivado. Na noite seguinte à apreensão, os mesmos continuavam agindo normalmente.

Impunidade

Chegando ao Juizado de Pequenas Causas do Forúm do Tatuapé, tendo conhecimento dos fatos acima, a juíza responsável mandou arquivar o Termo Circunstanciado (TC) instaurado pela polícia, de acordo com a manifestação do Ministério Público. Enviamos uma série de 15 reportagens ao gabinete da mesma no mês de julho passado.


Destaque – Placa ostentada nas fachadas das residências: uso do nome do órgão público estadual é proibido, evidenciando uma possível parceria com o Distrito Policial, que de fato não existe, engôdo. Foto: aloimage