Quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017, às 20h11
Cientistas e astrônomos comemoram a maior descoberta espacial dos últimos 14 anos. Os exoplanetas estão em torno de uma única estrela na constelação de Aquário.
Gerson Soares
A NASA, agência espacial norte-americana, divulgou nesta quarta-feira (22) em coletiva de imprensa e publicação na revista Natura, o que os astrônomos estão comparando à a um tesouro. Eles estão celebrando a descoberta de sete planetas parecidos com a Terra, cujo órbita comparam com a da luas do gigantesco planeta Júpiter do nosso sistema solar.
A uma distância espacial relativamente pequena, “apenas” 40 anos-luz ou 235 trilhões de milhas, esses exoplanetas – como são conhecidos cientificamente por estarem fora do nosso sistema solar – estão orbitando uma estrela anã. Esses astros, conhecidos como “anões vermelhos”, são abundantes na Via Láctea, bem menores e mais frios do que os de grandeza comparável ao sol.
O sistema onde foram encontrados os planetas é chamado de TRAPPIST-1 (The Transiting Planets and Planetesimals Small Telescope) que vem de Planetas Transitando e o Pequeno Telescópio Planetesimal (TRAPPIST) localizado no Chile, país que possui uma área das mais favoráveis para a observação planetária à partir da Terra.
Os investigadores que observam o TRAPPIST, localizaram três planetas em maio de 2016, mas com a assistência de outros telescópios terrestres, incluindo o Spitzer (European Southern Observatory’s Very Large Telescope) foram confirmados dois desses planetas e mais cinco, anunciados hoje.

Esta ilustração mostra a possível superfície de TRAPPIST-1f, um dos planetas recém-descobertos no sistema TRAPPIST-1. Crédito: NASA / JPL-Caltech
De acordo com a NASA todos esses sete planetas poderiam ter água líquida – chave para a vida como a conhecemos – sob as condições atmosféricas corretas, mas as chances são maiores com os três na zona habitável.
“Esta descoberta pode ser uma peça significativa no quebra-cabeças de encontrar ambientes habitáveis, lugares propícios para a vida”, disse Thomas Zurbuchen, administrador associado do Departamento de Missão Científica da agência em Washington. “Responder à pergunta ‘estamos sozinhos’ é uma prioridade científica e encontrar tantos planetas como estes pela primeira vez na zona habitável é um passo notável em direção a esse objetivo”.
Com base em suas densidades, todos os planetas do sistema TRAPPIST-1 podem ser rochosos. Outras observações não só ajudarão a determinar se eles são ricos em água, mas também possivelmente revelar se poderiam ter água líquida em suas superfícies. A massa do sétimo exoplaneta, mais distante, ainda não foi estimada – os cientistas acreditam que poderia ser um mundo gelado, como uma “bola de neve”, mas são necessárias mais observações.
“As sete maravilhas do TRAPPIST-1 são os primeiros planetas do tamanho da Terra que foram encontrados orbitando este tipo de estrela”, disse Michael Gillon, principal autor do estudo e investigador principal do estudo TRAPPIST sobre exoplanetas na Universidade de Liege, Bélgica. “É também o melhor alvo ainda para estudar as atmosferas de mundos potencialmente habitáveis parecidos com a Terra (Earth-size).”