Terça-feira | 28 de abril, 2020 | 19h48


A iniciativa foi divulgada no dia 24, mas o rastreamento dos voluntários começou em março. Também participa dessa iniciativa o Instituto Jenner que faz parte da universidade e integra o Departamento de Medicina de Nuffield em Headington, também em Oxford.

Gerson Soares

Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, através do Oxford Vaccine Group e do Jenner Institute, iniciaram os testes de uma vacina contra a COVID-19 na última sexta-feira (24) em dois voluntários humanos saudáveis (vídeo).

 

Em Oxfordshire, os dois primeiros voluntários ingleses participam de testes da vacina contra o coronavírus. Imagem: divulgação / UO

 

Mais de 1.000 indivíduos poderão participar desse estudo, sendo que a metade receberá a vacina que foi desenvolvida e a outra metade (grupo de controle) receberá uma vacina contra meningite licenciada e amplamente disponível, como no caso das duas primeiras pessoas, moradores do Vale do Rio Tâmisa (Thames Valley), em Oxfordshire.

O objetivo é testar uma nova vacina contra a Covid-19 – incluindo sua segurança e capacidade de gerar boas respostas imunes contra o vírus. Os voluntários foram selecionados em Oxford, Southampton, Londres e Bristol para participarem desse teste.

“Gostaríamos de deixar nossa enorme gratidão a esses voluntários, e aos nossos pesquisadores que estão trabalhando 24 horas por dia para tentar desenvolver nossa vacina ChAdOx1 nCoV-19,” escreveu a universidade em sua página do Linkedin.

O estranho nome ChAdOx1 nCoV-19, foi atribuído à vacina por ser produzida a partir de um vírus (ChAdOx1), que é uma versão enfraquecida de outro vírus do resfriado comum (adenovírus), causador de infecções em chimpanzés que foi geneticamente modificado para impedir o seu desenvolvimento em seres humanos.

As garras do SARS-CoV-2

Como já sabemos, o novo coronavírus (SARS-CoV-2) possui um a proteína em seu entorno, chamada glicoproteina Spike (S). “Essa proteína é geralmente encontrada na superfície do SARS-CoV-2 e desempenha um papel essencial na via de infecção. O coronavírus usa a proteína spike para se ligar aos receptores ACE2 e entrar nas células humanas, causando a infecção”, explicam os pesquisadores. Ela funciona como uma espécie de garra para aderir às células.

“Ao vacinar com o ChAdOx1 nCoV-19, esperamos fazer com que o corpo humano reconheça e desenvolva uma resposta imune à proteína Spike, que ajude a impedir que o vírus SARS-CoV-2 entre nas células humanas e, portanto, evite a infecção.”

Resultados

A avaliação sobre a eficácia da vacina que está sendo aplicada contra a COVID-19 será feita através do levantamento das estatísticas da equipe, que irá comparar o número de infecções no grupo de controle com o número de infecções no grupo vacinado.

“Para esse fim, é necessário que um pequeno número de participantes do estudo desenvolva o COVID-19. A rapidez com que atingirmos os números necessários dependerá dos níveis de transmissão de vírus na comunidade.”

De acordo com a equipe se a transmissão continuar alta será possível obter dados suficientes em alguns meses para ver se a vacina realmente funciona, mas se os níveis de transmissão caírem, eles avaliam que os resultados poderão levar até 6 meses para serem conhecidos.

E se não funcionar?

Ainda é cedo para relaxar, mas há esperança. No entanto, os pesquisadores alertam que uma alta proporção de vacinas não é promissora antes ou depois dos ensaios clínicos.

“Se não formos capazes de mostrar que a vacina é protetora contra o vírus, revisaremos o progresso, examinaremos abordagens alternativas, como o uso de diferentes números de doses, e potencialmente interromperemos o programa.”
Fonte: University of Oxford.

 Início do teste em humanos da nova vacina COVID-19


Human trial of new COVID-19 vaccine begins

University of Oxford

Imagem: aloart

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