Domingo | 13 de novembro, 2022

A editoria “Memória do Tatuapé” ou “Tatuapé antigo” do portal @alotatuape, conta a história com dados e qualidade para fins culturais e educativos. Nesta edição mostramos a sequência e repercussão desse fato (leia a primeira parte aqui). Na atualidade parecendo até corriqueiro, à época foi de extrema importância para a região.


Trinta e quatro, este era o número da primeira linha de ônibus que chegou para beneficiar a população do Tatuapé em 1947, façanha atribuída ao PSP (Partido Social Progressista) já extinto. Na verdade o feito coube não só ao partido, mas também às famílias que se empenharam de todas as formas para por um fim àquela limitação do transporte público.

Dificuldades de locomoção

Para irem ao centro da cidade, os moradores do Tatuapé precisavam chegar com seus próprios meios até a Avenida Celso Garcia, onde o transporte público os levaria em direção ao centro. Para muitos a caminhada era sofrida, para outros chegava a ser divertida, conforme os depoimentos colhidos de diversos moradores, inclusive daqueles que já “partiram”. No entanto, a dificuldade criava imagináveis limitações de locomoção aos doentes e pessoas com mais idade, por exemplo.

Reunião

Após a inauguração houve uma reunião na residência da família Bergamaschi, onde compareceram autoridades e personalidades do Tatuapé. Essa e outras famílias deram contribuição das mais relevantes para que a linha de ônibus finalmente chegasse ao bairro. De fato, o empenho e organização do PSP na condução daquela antiga reivindicação e a união do bairro provocaram aquilo que foi chamado de conquista.

 

1947 – Diário da Noite, que circulou em São Paulo entre 7 de janeiro de 1925 e 1980: Em destaque no recorte do jornal à direita, Gaspar Camargo. Ele aparece em outra imagem mais abaixo; próximos a ele Sylvio Cristofani (vice-presidente) e Omar Leite (secretário-geral), que eram os pais dos nossos interlocutores Sylza e Omar.

 

Diário da Noite

A notícia da instalação do ponto de ônibus mereceu até reportagem no jornal Diário da Noite que no dia 6 de novembro de 1947, publicou: “Satisfeita velha aspiração dos moradores das vilas ‘Gomes Cardim’, ‘Azevedo’ e ‘Mãe do Céu’. Os ônibus agora chegam até a pr. Sílvio Romero — Grande massa popular esteve presente á (sic) inauguração do novo melhoramento”.

Ônibus 34

Segundo o jornal, cerca de 5 mil moradores lotavam a Praça Silvio Romero, na comemoração que aconteceu numa terça-feira, 4 de novembro, às 20 horas. O primeiro ônibus do bairro que trazia à frente o nº 34, fazia o trajeto Praça Sílvio Romero – Praça do Correio, nas proximidades do Largo Paissandu. O evento da inauguração foi comemorado e por longo tempo diminuiu a distância entre o bairro e o centro de São Paulo.


Informações e foto:
Da obra “Memórias do Tatuapé – A história contada por quem viveu”, de Gerson Soares. Revista Alô Tatuapé, nº 152. São Paulo: dez. 2010, p. 26. Depoimentos e recorte do jornal Diário da Noite de Sylvia Maria Cristofani Leite e Omar Gonçalves Leite (Foto doada ao acervo particular do Portal Alô Tatuapé, para uso cultural e educativo).


Para exemplificar ao leitor, buscamos no Museu da SPTrans dois possíveis modelos de ônibus que podem ter servido aos moradores do Tatuapé em 1947, já que não foi possível localizar uma imagem do ônibus que fazia a linha 34, naquela época. De qualquer forma, de acordo com depoimentos de antigos moradores ao autor Gerson Soares, os primeiros veículos que faziam o transporte de passageiros na região eram chamados de “jardineiras”, como mostram as imagens. Repare, o leitor, que a sequência dos números e o ano das imagens coincidem com as informações. Na inauguração da linha 46, Jardim São Paulo, também é possível observar a aglomeração de pessoas. Apesar de em menor número, a chegada do transporte público era um evento intensamente comemorado nesses tempos.

 

1930 – 1939: Jardineira com destino ao Bom Retiro. É possível ver o número do ônibus – nº 59. Foto: Museu do Transporte / SPTrans

 

1930 – 1939: Inauguração da linha 46 Jardim São Paulo, no Vale do Anhangabaú. É possível ver o número do ônibus. Foto: Museu do Transporte / SPTrans