Ao declarar a absolvição dos vigias noturnos motorizados que agridem o meio ambiente com a leniência da justiça e das autoridades, e considerar a vítima “pouco colaborativa”, a Promotoria Criminal do Fórum do Tatuapé instiga a curiosidade pública.
Leia e ouça alguns depoimentos sobre a falta de credibilidade nas autoridades que têm a obrigação de coibir o uso de sirenes durante as noites e madrugadas, um desrespeito à vida e ao meio ambiente. Destacamos três depoimentos que chegaram ao portal via WhatsApp.
A leitora LA entrou em contato conosco pela primeira vez no dia 24 de dezembro de 2024.
“Como posso resolver a questão da sirene de vigilante noturno que vem apitar por diversas vezes, a partir das 2h da madrugada?
Dia 26/12/2024.
Aqui na minha rua, todo mundo acha normal isso. Pedi a ele que desse só um apito (toque na sirene). Ele respondeu que já trabalha há XX anos aqui. E dito, e feito: piorou (omitimos algumas informações para preservar a identidade da leitora que pode ser identificada e sofrer retaliações).”
A partir daqui, conversamos com a leitora em dias alternados, quando ela nos procurava, para entender melhor seu problema. Ela demorou para se abrir conosco, mas por fim desabafou.
Dia 27/12/2024.
Enviando-nos links da internet, estava amedrontada com retaliações, caso denunciasse à polícia.
“Tenho medo dele”, disse, referindo-se ao vigia noturno. “O barulho foi até às 4h da manhã hoje. Eu pedi a ele para maneirar e ele está pegando pesado aqui”, registrou.
Em seguida, depois de algumas divagações, disse: “Ela está me impedindo de dormir.” De querer trabalhar (omitimos a profissão da leitora). Estou vivendo a vida dele. Preciso de ajuda.”
Dia 28/12/2024.
Neste dia, houve uma longa conversa da nossa equipe com essa leitora. Por fim, ela declarou sua profissão e como se sentia.
“(…) E não é nada fácil conviver com interferências auditivas noturnas. Isto vem interferindo na minha inspiração, concentração e produção. Eu gostaria muito mesmo de poder efetivamente ajudar. Então, deixo aqui minha gratidão para pessoas como vocês (referindo-se à equipe do portal) que fazem um jornalismo em prol da coletividade. Quero muito que, de algum modo, lute por esta causa. Ela merece o retorno e a vitória.”
Depoimento da leitora LB, em contato no dia 17 de julho de 2023.
“Gostaria de saber se tem algum processo em andamento ou então como eu posso denunciar esses sons, pois eu não estou dormindo de tanto barulho de sirene! Obrigada.”
Depois de receber os links das reportagens (os mesmos enviados à Promotoria Criminal do Fórum do Tatuapé), a leitora continuou:
“As autoridades não fazem nada, não é? Vou fazer um B.O. também, mas não sei qual é a empresa que contrata esses vigias. Precisava saber quem contrata para abrir um processo contra esses caras. Por que é um absurdo, meu Deus do Céu.”
Dia 11 de agosto de 2023.
Depois de registrar o B.O., a leitora foi chamada para prestar depoimento na delegacia. Sua conclusão foi que não adiantou nada. E nos enviou um áudio. Na gravação, ela diz que tentou conversar com o vigia noturno motorizado.
“Ele não maneirou. Não adiantou nada, nada. Por que ele continua tocando o mesmo tanto?”
Referindo-se ao tempo de acionamento da sirene do vigia, a leitora diz que tanto faz, 1 segundo ou 3 segundos, “eu vou acordar do mesmo jeito”. Ela chegou a dizer que pagaria para o vigia não tocar próximo à sua residência.
“Eu pedi, por favor. Não estou conseguindo dormir (…) Paguei para ele, dei XXX reais (omitimos o valor). Mas continua. Está difícil.
Ouça o áudio dessa leitora e de outro leitor, publicados em reportagem do dia 20 de julho de 2023.
Essa reportagem, que pode ser lida aqui, também foi enviada pela vítima à Promotoria Criminal do Fórum do Tatuapé, que a considerou “pouco colaborativa”.
Leia todas as reportagens e tópicos, assista aos vídeos, desta 3ª série especial que mostra como as autoridades supostamente não fazem cumprir a legislação no caso dos vigias noturnos motorizados.
Destaque – Imagem: aloart G I