Domingo | 4 de dezembro, 2022

A criminalidade aumenta em São Paulo e o tema chama atenção não só no Tatuapé, mas também na capital paulista. O assunto foi abordado nas campanhas políticas deste ano.


Diante desses fatos há quem se proponha a ser segurança particular e para isso existe uma série de treinamentos, além das devidas autorizações, estaduais e federais. No caso de guardas de ruas, somente a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) pode emitir credenciais. Autoridades alertam moradores que pretendem contratar ou já pagam pelo serviço para exigirem o documento, a fim de não caírem em fraudes. A contribuição pode ser voluntária, mas a exigência de mensalidade é proibida.

Arrombamentos, roubos e furtos

O bairro Tatuapé é alvo de criminosos, isso é uma constatação. O portal Alô Tatuapé, vem mostrando o sucesso do programa Vigilância Solidária da Polícia Militar. Mas com medo, a população contrata vigias que utilizam sirenes “para espantar os bandidos”. Os dispositivos alcançam 120 decibéis de pressão sonora e o principal motivo do uso é se fazer notar aos contratantes. Especialistas em segurança dizem que isso não afasta a criminalidade. Por outro lado, os vigias desrespeitam diversas leis, dentre elas a de perturbação do sossego.

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Barulho de vigias particulares

Esse tipo de vigilância se espalhou por diversas cidades, criando a ilusão que de fato seja eficiente e chama atenção a tolerância das autoridades com seus praticantes. Apesar de aparentemente louvável, a proposta de “espantar bandidos” através de sirenes tirou também o direito ao sossego noturno da população. A lei deveria proteger os cidadãos contra essa prática, mas não é o que acontece. O policiamento ostensivo cabe à Polícia Militar.

Arrombamentos, roubos e furtos

Na Vila Gomes Cardim, Tatuapé, levantamento feito pela nossa equipe mostra que a partir de julho último, casas que ostentam placas desses vigias foram invadidas, assim como outras que não pagam pelo serviço. Nas placas eles insinuam uma possível associação com o 30º DP, o que além de proibido, de fato não existe. Uma das pessoas entrevistadas disse que saiu a noite e quando voltou a casa havia sido roubada. Próximo à Rua Henrique Dumont, os comerciantes relataram diversos furtos e invasões através de arrombamentos, além dos roubos de carros constantes e até relatos de furtos de fiação elétrica.

Período noturno e madrugada

Essas ocorrências foram registradas no período em que os vigias particulares fazem rondas acionando sirenes. O que comprova a ineficácia. Empresários relataram possíveis coações dos mesmos para o pagamento de uma mensalidade. Nossa reportagem constatou a cobrança feita pelos vigias que andam com uma prancheta na mão anotando o nome dos moradores.

Testemunhos

Conversando a respeito com moradoras, uma disse que diante da recusa do pagamento o vigia que a cobrava falou que voltaria no próximo mês; outra disse que não iria pagar mais, pois concluiu que não precisava do serviço. Uma idosa relatou que deixou de pagar, por que sua casa foi invadida. Outros dizem que pagam e que eles são gentis.


Nota da redação

Os nomes dos moradores e parte de seus depoimentos foram mantidos em sigilo para preservarmos sua privacidade. Eles se sentem amedrontados com a sensação de insegurança que existe na Vila Gomes Cardim. Questionados sobre o porquê não se dirigem ao 30º DP para reclamar do barulho provocado pelas sirenes dos vigias, os que não concordam disseram que a lei não é respeitada; outros têm medo e ainda há os que dizem não escutar nada. Entre os entrevistados estão contratantes dos vigias, aqueles que não pagariam por acharem o serviço ineficiente e os que deixaram de pagar por diversos motivos. Todos concordam que deveria haver mais policiamento.