Domingo, 14 de maio de 2017 às 11h39


Os casos se repetem desde que iniciamos as reportagens em janeiro de 2014. São inúmeras explicações por parte da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES/SP) e Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), mas ainda não entenderam o objetivo daqueles que lhes são encaminhados pelo sistema ao qual estão subordinados. O que precisa ficar claro é o que as pessoas – pacientes ou usuários como são denominados pelo sistema –, desejam e que eles só estão ali porque foram contratados e são pagos para atendê-las.

Gerson Soares

O que as pessoas querem apenas, é chegar às farmácias de alto custo, retirar os medicamentos e irem para suas casas. Quando ligarem para o telefone informado desta ou daquela farmácia governamental, querem apenas ser orientadas de forma simples, humanitária, sem os tradicionais modos arrogantes do funcionalismo público. Esse resquício do tempo imperial parece que se arrasta pelos séculos, mesmo com leis como a que está sendo discutida sobre o abuso de autoridade e as conhecidas operações da Polícia Federal que já está investigando o fornecimento dos medicamentos em São Paulo.


Saiba mais:
Operação da PF investiga irregularidades na compra de medicamentos de alto custo


Quando se trata de serviços públicos, é óbvio que a Saúde da população faz parte das atribuições da União e este poder se desmembra através dos Estados, distribuindo a assistência aos doentes e quando os remédios são inacessíveis pelo alto custo, são também fornecidos.

Vontade de fazer, vontade política

Vamos agora demonstrar como é possível realizar sem tanta celeuma, apenas com vontade política, mas antes de tudo respeito pelos cidadãos e por si próprio, que o que tem feito o prefeito João Doria em diversos atos até aqui. Destacamos, um deles, digno de elogios pela clara constatação de sucesso e reconhecimento. Em sua campanha, o então candidato disse que iria zerar o atendimento da população quanto aos exames. Em 83 dias de governo, praticamente zerou a fila por exames (leia amanhã a matéria completa). É isso que a população espera. O funcionário público, a partir do momento em que se engaja, deve cumprir com sua função e não querer obter vantagens sobre os demais membros da Nação, como se ainda fosse uma personalidade dos tempos imperiais, onde a empáfia e a má vontade legaram ao brasileiro sua sina, que está sendo mudada por iniciativas como a do Prefeito de São Paulo.

 

 

Desde o dia 11 de fevereiro de 2014, quando o Alô Tatuapé fez uma reportagem sobre o Posto de Saúde Vila Mariana, onde estava havia uma Farmácia de Alto Custo, os problemas se repetem. Há três anos estamos tentando demonstrar que o atual sistema está completamente errado, desde a compra dos medicamentos pelo Ministério da Saúde que deve repassar aos Estados, até o péssimo atendimento prestado à população que precisa de remédios.

Criamos uma série de reportagens e uma campanha intitulada +Respeito pela Saúde, escrevemos “Retratos da Saúde no Brasil”, entre tantas outras matérias que podem ser encontradas sobre a Saúde, Medicina, Transplantes de órgãos.

Corrupção e a saúde

A indignação quanto à falta de medicamentos vem dos clamores populares quando são ouvidos valores inimagináveis pelo povo, discutidos tranquilamente pela classe política, como os bilhões para suas campanhas a fim dos votos desse mesmo povo que se espanta e não consegue mensurar esse tipo de valor de forma concreta.

A indignação aumenta quando vemos e ouvimos os delatores instados pela Lava Jato, falarem em milhões até chegarem essas cifras aos bilhões de reais em desvios de verbas públicas e propinas ligadas a empresas como a Petrobras, há outras.

Ao mesmo tempo em que isso acontece, faltam remédios e assistência hospitalar, citamos novamente o óbvio, com esse dinheiro todo seria possível melhorar e muito o setor de saúde público ligado à União e aos Estados que a compõem, formando a nação brasileira, que já não aguenta mais tanta corrupção e falta de vontade, a vida em um universo paralelo da classe política que se dá ao luxo de obter um tomógrafo no Congresso para quaisquer emergências dos parlamentares, enquanto um cidadão pode esperar meses por um exame desses.

Atualmente, uma das maiores preocupações da classe média brasileira é o plano de saúde seja particular ou privado, ninguém quer precisar do SUS, pois todos sabem o que irão enfrentar. No entanto, há aqueles que não podem se dar a esse luxo e então são humilhados de todas as formas, em algum momento ou em todos.

Farmácia de alto custo da Vila Mariana

Com as reportagens que demonstravam a ineficiência do Posto de Saúde Vila Mariana, ele foi desativado em fevereiro de 2014. Ficava na Avenida Domingos de Morais, ao lado das estações Vila Mariana e Santa Cruz do metrô, fácil acesso a linhas de ônibus e ao terminal Santa Cruz. Os oriundos da Farmácia de Alto Custo que lá havia, foram transferidos para o Posto Altino Arantes, onde a farmácia foi instalada em março de 2014, a fim de atender exclusivamente os pacientes que retiram esse tipo de medicamentos. Esse posto ou farmácia, está localizado no final da Avenida Dr. Altino Arantes, uma ladeira íngreme ou declive acentuado para quem desce, com pouco acesso a linhas de ônibus ou metrô, ao lado da Avenida Rubem Berta. Lembrando que os pacientes que para lá se dirigem não gozam de plena saúde.


Saiba mais:
Posto da Altino Arantes inaugura com melhores condições aos usuários


Os casos que ali ocorrem podem ser lidos em Reportagens especiais – Remédios de Alto Custo. O intuito de melhorar o atendimento até que foi alcançado no início. Mas aí começaram os problemas de falta de medicamentos que raramente aconteciam.

As respostas são sempre as mesmas, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, culpa o Ministério da Saúde pelo atraso na compra dos medicamentos que faltam e jamais assume sua responsabilidade em cobrar a responsabilidade ou interferir para a mudança no sistema.

Os pacientes precisam passar por renovação de processos e consultas trimestrais para obterem os remédios, não há um sistema informatizado, uma carteirinha para que interajam médico, paciente e farmácia de alto custo, desburocratizando a entrega e melhorando a performance da compra. Essa organização possibilitaria uma economia na compra e distribuição, como fazem as grandes empresas privadas: organizam-se, informatizam-se e lucram com isso. Ao contrário, o governo brasileiro e paulista ficam distantes de soluções mais práticas, permanecendo no limbo da burocracia.

As reclamações são sempre as mesmas falta de medicamentos e atendimento telefônico na busca de orientação ou explicar o motivo disso, quando chegará o remédio – normalmente a resposta dada ao paciente é que não há previsão de entrega e ele deverá ligar para saber. Quando este liga, ninguém atende o telefone. Isso acontece desde a inauguração do Posto Altino Arantes - Farmácia de Alto Custo Vila Mariana. Mas para a SESSP isso ocorre devido aumento de demanda.

Para quem acompanha as reclamações quanto ao Centro de Referência em Saúde do Homem, cujo ramal do Hospital de Transplantes Euriclydes de Jesus Zerbini também não atende aos telefonemas, fica a impressão que o não atendimento telefônico se tornou uma estratégia. Em contato com a SESSP na última segunda-feira (8), fomos informados na quinta-feira (11) que a Farmácia da Vila Mariana, agora disponibiliza um endereço de correio eletrônico para o contato: vilamariana@ceaf.spdm.org (leia abaixo).


Resposta da SESSP sobre a falta de medicamentos e atendimento telefônico no Posto Altino Arantes, reproduzida exatamente como foi escrita:

O Núcleo de Assistência Farmacêutica esclarece a responsabilidade (sic) pela aquisição do medicamento Hemitartarato de Rivastigmina 3 mg é do Ministério da Saúde, que o distribui aos Estados. A pasta informa que o medicamento deveria ter sido entregue em 20 de março, porém (sic) o órgão federal realizou as entregas com atraso. Assim, o medicamento está em fase de distribuição e a situação deverá se (sic) normalizada nos (sic) decorrer da próxima semana.

Além disso (sic) a Farmácia da Vila Mariana esclarece que devido à grande demanda de ligações, os usuários podem estar com dificuldades de realizar contato através da central de atendimento telefônico. Assim, a unidade disponibiliza aos usuários o contato através do correio eletrônico (vilamariana@ceaf.spdm.org).

Leia as últimas publicações