Talvez, o ministro da Casa Civil do governo petista nunca tenha ido à feira livre ou a algum estabelecimento fazer compras. A laranja é uma das frutas mais consumidas pelas famílias e, dentre as que se pode comprar em quantidade, a mais barata. A não ser que a opção seja chupar limões.


Em novembro, o portal Alô Tatuapé alertava para a alta dos alimentos, apontando para as feiras livres, um dos termômetros mais populares entre os brasileiros, devido aos valores mais em conta de frutas e hortaliças. No entanto, os preços praticados pelos feirantes vêm subindo sem parar, a cada semana. É o que dizem os consumidores (leia aqui).

Em dezembro do ano passado, quatro cachos médios de uvas niagara, equivalentes a um quilo, tão consumidas no Natal em outros tempos, chegaram a custar 25 reais, espremendo o bolso do consumidor.

De acordo com o IBGE, a prévia da inflação de janeiro, calculada pelo IPCA-15, aponta para um aumento de 0,11%. Os itens que mais influenciaram a alta foram alimentação e bebidas, que ficaram em 1,06%. Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 13 de dezembro de 2024 a 14 de janeiro de 2025 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de novembro a 12 de dezembro de 2024 (base).

Mas esses números, na verdade, talvez não reflitam exatamente aquilo que o consumidor sente na carteira.

Governo foi alertado

O Banco Central já havia alertado o governo sobre as consequências da falta de disciplina fiscal que vem ocorrendo na atual gestão. Nesta semana, em reunião ministerial na sexta-feira (24/01), o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, chegou a prometer um “conjunto de intervenções” para controlar a inflação que atinge principalmente a população de menor renda.

“Se quem está vendendo sabe que a pessoa está com um salário maior, o vendedor vai testando para ver se o consumidor se dispõe a pagar um preço maior. Se o consumidor não procurar muito, não pechinchar muito, isso tende a puxar uma elevação de preço”, disse Costa. Mas não é possível saber se a frase convoca os consumidores a uma corrida por preços menores ou se realmente os salários dos brasileiros estão maiores. Todavia, lembra as célebres frases da ex-presidente Dilma Roussef.

Durante a reunião em que o governo petista acordou para a alta inflacionária dos alimentos e passou a empreender discussões a fim de baratear os preços, Costa fez outra sugestão: trocar as laranjas por outras frutas mais em conta.

“O preço internacional está tão caro quanto aqui. O que se pode fazer? Mudar a fruta que a gente vai consumir. Em vez da laranja, outra fruta. Não adianta baixar a alíquota, porque não tem produto lá fora para colocar aqui dentro”, disse o ministro aos jornalistas após a reunião. Parece que a laranja vai virar vilã.

Nova meta: “comida barata na mesa do trabalhador” (sic!)

De acordo com especialistas (e nem precisa ser um), a inflação no país está sendo gerada pelos gastos irresponsáveis do governo, que agora busca uma fórmula mágica para reduzir os preços dos alimentos. A máquina governamental é cara, e a gastança não tem fim.

Depois de prometer as famigeradas picanhas (que ninguém sabe até agora de onde virão) durante sua campanha à presidência enquanto candidato, o atual presidente brasileiro cobrou providências aos seus ministros:

“Nós temos agora um tema muito importante. Se a gente trabalhou reconstrução e união, agora a gente vai ter que trabalhar outra coisa importante: reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador, porque os alimentos estão caros na mesa do trabalhador. Todo ministro sabe que o alimento está caro, e é uma tarefa nossa garantir que o alimento chegue na mesa do povo trabalhador, da dona de casa, na mesa do povo brasileiro em condições compatíveis com o salário que ele ganha”.

Portanto, admitindo-se que os ministros sabiam da alta dos alimentos, conforme discursou o presidente, o momento econômico e as projeções futuras para a economia do país continuam preocupantes. A laranja que se cuide…


Destaque – Imagem: aloart / GI


Publicação:
Sábado | 25 de janeiro de 2025.


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