FÉ E CIÊNCIA


A Natividade e a “Estrela de Belém” que de acordo com a Bíblia Sagrada anunciou a vinda do Messias. Apesar dos estudos científicos é difícil precisar o que de fato ocorreu há 2023 anos.

Por Gerson Soares*


Por falta de um berço, o menino Jesus foi enfaixado conforme os costumes da época e colocado em uma manjedoura – lugar onde a comida é servida aos animais. E, como mostram figurativamente os presépios, até mesmo os animais o adoraram e ao seu lado ficaram depois do seu nascimento.

 

Fachada da Basílica da Natividade (esquerda) e Mosteiro Armênio (direita). A igreja é a principal e a mais antiga da Terra Santa. Foto: Neil Ward / Wikipedia

 

Toda essa representação religiosa, inclusive transportada para o cinema em diversas películas, leva o espectador ou leitor dos inumeráveis contos que dessa linda história surgiram, a um mundo antigo, a momentos de emoção e fé.

O Salvador daquele bárbaro mundo de escravidão, desolação e lamentos, nascia em uma gruta, talvez a mais simples acomodação que pudessem seus pais, José e Maria, obterem naquele santo momento em que nasceu.

Reflexões

Na contagem da Era Cristã, a visão da “Estrela de Belém” nos chegou 2020 anos depois daquele acontecimento fantástico. Brilhando no céu anunciava a chegada do Messias e o alívio daqueles tempos de horrores e guerras entre os povos. Dois mil anos se passaram e esse fato se repetiu, depois de um ano da pandemia que ceifou milhões de vidas. Talvez, o céu quisera nos revelar algo novamente.

 

Júpiter, à esquerda, e Saturno, à direita, são vistos após o pôr do sol acima do Lago Jordan durante a “grande conjunção” onde os dois planetas aparecem um décimo de grau um do outro. A foto foi tirada na segunda-feira, 21 de dezembro de 2020, perto de Chapel Hill, Carolina do Norte. A ciência levanta a hipótese que esta conjunção é a mesma que originou a história bíblica da “Estrela de Belém” que conduziu os Reis Magos a Belém onde nasceu o menino Jesus. A fé da cristandade acredita em um evento único que trouxe o Messias para curar a Terra. Foto: NASA / Bill Ingalls

 

A “Estrela de Belém” do primeiro século provavelmente não teria a menor importância, se da mesma forma que hoje, entendêssemos tratar-se de uma conjunção de planetas brilhantes. A repetição do fato não passa de uma coincidência de datas explica a astronomia.

Se pensarmos como os céticos, que nada disso existiu na antiguidade, que são apenas frutos da imaginação humana viajando através dos séculos, toda a cristandade sofreria um abalo. Mas nem os céticos ou a ciência falam pela humanidade.

 

Interior da Igreja da Natividade por volta de 1936. Foto: Lewis Larsson / Wikipedia

 

Fé e ciência

Repetida oitocentos anos depois da última vez que essa conjunção de planetas foi relatada da mesma forma na Idade Média, neste primeiro quartel do século XXI a ciência é capaz de nos proporcionar uma visão mais apurada sobre o alinhamento dos planetas Saturno e Júpiter, dizendo ser essa a mesma conjunção que ocorreu durante a natividade.

No século I não havia quem pudesse interpretar tal beleza misteriosa com tanta exatidão. O brilho da “Estrela de Belém” conduziu os Reis Magos do Oriente até chegarem ao seu destino para adorarem o Redentor. Como consta na Bíblia: “Este foi o local de nascimento do rei Davi e de seu descendente mais ilustre, Jesus Cristo, o Messias”.

 

Rota de peregrinação ao local de nascimento de Jesus em Belém: Torre da Igreja da Natividade. Foto: Lucia Iglesias © UNESCO

 

Vinte séculos se passaram e sabemos um pouco mais sobre aquela luminosa aparição através dos avanços da ciência. Podemos dizer que na atualidade a chamada “grande conjunção” dos planetas Júpiter e Saturno, somada ao dia do solstício de inverno, vista plenamente da Terra, proporcionou uma rara oportunidade no dia 21 de dezembro de 2020.

A ciência edifica avanços à humanidade, mas o fato é que o espetáculo espacial deste ano lembrou aos habitantes da Terra sobre o ministério de Jesus e da sua presença entre todos nós; nestes tempos tão confusos, conflitantes e mutáveis. Mesmo diante de fatos científicos, pelo menos por enquanto, ainda é muito cedo para explicar com palavras e colocar um ponto final ao que ocorreu a 2020 anos, envolvendo a mais fascinante história da humanidade.


*Gerson Soares é jornalista, escritor e fundador do @alotatuape.